A salvação do mundo
Não existe num verso nada de útil à salvação do mundo.
O poema não pode ter mais do que uma casa, paredes
caiadas de branco, os azulejos a rebaterem o sol contra
a sombra, dizendo-llne o seu lugar. O poema é o meu pai
em sofrimento na cama do hospital, as mãos inúteis que
lhe afagam a dor, estas mãos tão inúteis percorrendo os
versos ao som das palavras. O poema é circunstância de lugar
em imagens atiradas ao chão, reduz à sombra o sol. A casa
essencial, a do poema, memória e salvação de um homem.
O mundo é útil de poesia. Todos os versos são possíveis.
JORGE REIS-SÁ
de Biologia do Homem, Ed. Quasi
voz - Cristina Paiva
sonoplastia - Fernando Ladeira
desvendado - Sofia Pereira
Autor
Jorge Reis-Sá,
pepQ
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Agora sim acho que este é do Jorge Reis Sá! Será?
ResponderEliminarBeijinho... Sofia Pereira