O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama um coração.
FERNANDO PESSOA
de Poesia do Eu, Ed. Assírio e Alvim
voz - Cristina Paiva
sonoplastia - Fernando Ladeira
desvendado - Sofia Pereira
Este é do Fernando Pessoa ;)
ResponderEliminarSofia Pereira