Não entres docilmente nessa noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;odeia, odeia a luz que começa a morrer.
No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles
não entram docilmente nessa noite serena.
Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia
o brilho das suas frágeis ações ter dançado na baia verde,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.
E os loucos que colheram e cantaram o vôo do sol
e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,
não entram docilmente nessa noite serena.
Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega
quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.
E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria
venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.
Não entres docilmente nessa noite serena.
Odeia, odeia a luz que começa a morrer.
DYLAN THOMAS
A mão ao assinar este papel
edição - Assírio e Alvim
voz - Cristina Paiva
música – Asterope - Seven Stars & Orion - Lessons From The Dreamtime
sonoplastia - Fernando Ladeira
Agradecida por este conto, por esta voz, por essa música 🎶 quero muitos mais!
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