Tardes Estivais
Tardes estivais. Sol nas funduras.
Os povoados como faróis de neve sobre um mar.
Nuvens de cinzento e vermelho como peitos de aves.
Vibrações ardentes sobre céus suaves.
Águas paradas... Imenso dormitar...
Tardes estivais. Solidão dourada.
Caminhos silenciosos, cintas de claridade.
Alamedas verdes em fundos passionais.
Acordes de ouro vivo parecem os trigais.
Inquietante quietude. Raro tom de fa.
Tarde estivais. Triunfo da carne.
O amor ardente cruza o campo veloz.
Num fundo sangrento e de ouros deslumbrantes
abraçam-se Pan e Vénus cercados de bacantes.
Choros e cantares. Som de foices.
Tardes estivais. Carne, carne e carne.
As estrelas fortes dos grandes desejos
iluminam gloriosas, cheias de sonolência,
os doces mancebos, arautos de impotência
que riem eternos, formosos e feios.
Tardes estivais. Tardes estivais.
A luxúria esconde-se sobre a vossa calma.
A ânfora grandiosa das vossas inquietudes
ao derramar-se mata as azuis virtudes.
Chorosas tardes. Naufrágios da alma.
FEDERICO GARCIA LORCA
Poesía inédita de juventud
tradução: Carlos do Rosário
música: Recolha de Federico Garcia Lorca
voz: Cristina Paiva
canto: Lia Vohlgemuth
piano: Joaquim Coelho
guitarra clássica: Miguel Nogueira
ensaio do espectáculo A colhida e a morte
Autor
Federico Garcia Lorca
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário