A um homem com um grande nariz




Um homem era a um nariz pegado,
era esse um nariz superlativo,
era esse um alambique meio vivo,
era esse um peixe-espada mal barbado;
um relógio de sol mal encarado,
elefante de tromba em pé, lascivo,
nariz algoz e escriba, punitivo,
um Ovídio Nasão mal narigado.
Era esse o esporão de uma galera,
era esse uma pirâmide do Egipto,
as doze tribos de narizes era;
era esse um narizíssimo infinito,
enorme arquinariz, carranca fera,
inchaço garrafal, purpúreo e frito.


FRANCISCO QUEVEDO
Antologia Poética

Tradução - José Bento

Voz - Cristina Paiva

Música - Aaron Copland

Sonoplastia - Fernando Ladeira

2 comentários:

  1. Não conhecia...
    Uma óbvia falta de nasalidade poética, da minha parte.
    :))

    Gostei.
    Obrigado.

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  2. Deu-me saudades do meu nariz
    pois jà hà muito tempo que näo lhe dava importância :)

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