Café do molhe
Perguntavas-me
(ou talvez não tenhas sido
tu, mas só a ti
naquele tempo eu ouvia)
porquê a poesia,
e não outra coisa qualquer:
a filosofia, o futebol, alguma mulher?
Eu não sabia
que a resposta estava
numa certa estrofe de
um certo poema de
Frei Luis de Léon que Poe
(acho que era Poe)
conhecia de cor,
em castelhano e tudo.
Porém se o soubesse
de pouco me teria
então servido, ou de nada.
Porque estavas inclinada
de um modo tão perfeito
sobre a mesa
e o meu coração batia
tão infundadamente no teu peito
sob a tua blusa acesa
que tudo o que soubesse não o saberia.
Hoje sei: escrevo
contra aquilo de que me lembro,
essa tarde parada, por exemplo.
MANUEL ANTÓNIO PINA
Todas as Palavras, poesia reunida
Edição: Assírio & Alvim
voz: Cristina Paiva
música: Egberto Gismonti
sonoplastia: Fernando Ladeira
ADORO
ResponderEliminar( e a Caroline também pois jà começa a compreender o português...), mesmo se este português para ela é dificil. Mas eu trraduuzzo ;-)
Beijos
...
ResponderEliminarestou com saudades vossas!!
Bjos