tag:blogger.com,1999:blog-2083288546317088282024-01-23T03:28:30.181+00:00conta-me um conto que nunca contasses a ninguémAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.comBlogger257125tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-91983573918832390622022-03-21T10:21:00.001+00:002022-03-21T10:21:48.938+00:00Não entres docilmente nessa noite serena<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-nao-entres-Dylan-Thomas.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-nao-entres-Dylan-Thomas.jpg" width="400" /></a></div>
<div><body>
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-nao-entres-dylan-thomas.mp3">
</audio></body> <br /></div><div><br /></div><div>Não entres docilmente nessa noite serena,</div>porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;<br />odeia, odeia a luz que começa a morrer.<br /><br />No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,<br />porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles<br />não entram docilmente nessa noite serena.<br /><br />Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia<br />o brilho das suas frágeis ações ter dançado na baia verde,<br />odiai, odiai a luz que começa a morrer.<br /><br />E os loucos que colheram e cantaram o vôo do sol<br />e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,<br />não entram docilmente nessa noite serena.<br /><br />Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega<br />quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,<br />odiai, odiai a luz que começa a morrer.<br /><br />E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria<br />venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.<br />Não entres docilmente nessa noite serena.<br />Odeia, odeia a luz que começa a morrer.<br /><br />DYLAN THOMAS<br /><div>A mão ao assinar este papel</div><div><br /></div>tradução - Fernando Guimarães<br /><div>edição - Assírio e Alvim</div><div><br /></div><br />voz - Cristina Paiva<br /><br />música – Asterope - Seven Stars & Orion - Lessons From The Dreamtime<br /><br />sonoplastia - Fernando Ladeira<br /><brfernandohttp://www.blogger.com/profile/14141991463869924268noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-69055211803914565662020-05-05T07:21:00.000+01:002020-05-05T07:21:01.495+01:00Alentejo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-alentejo-jpm.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-alentejo-jpm.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-alentejo-jpm.mp3"> <br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
Junta o rio e seu advérbio: nasce um país, com homens, vinho, um pão difícil.<br />
Tenta pronunciar a palavra como se de uma planície se tratasse; depois a terra interminável, a água na sua escassez. E também o sol e o amarelo da terra, entre um arco-íris de ocres e castanhos, dispostos com rigor na tela do Verão.<br />
No alto de um pequeno monte, no centro da palavra, descobrirás então outra cor. A forma será a de uma casa coberta de cal. Pronuncia a cor como se a visses pela primeira vez e como se, ao pronunciá-la, o mundo recomeçasse.<br />
<br />
JOÃO PEDRO MÉSSEDER<br />
Ordem Alfabética<br />
Quasi Edições<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Dinis Costa<br />
<br />
sonoplastia - Fernando Ladeira<br />
<br />
ilustração - Susa Monteiro<br />
<br />
Participação em leitura colectiva: 5 bibliotecários do Alentejo:<br />
Isabel Martins, José Eduardo Biscainho, Maria Paula Santos, Eduarda Marques, Nuno Bentes<br />
<br />
Realizado para:<br />
“Nossa Língua - Nosso Chão”<br />
projecto da Direção-Regional de Cultura do Alentejo <br />
em parceria com a Chão Nosso, Crl e Andante Associação ArtísticaAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-49949371996222384452020-04-09T10:45:00.000+01:002020-04-09T10:45:05.503+01:00O terrorista… olha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto--terrorista-ws.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto--terrorista-ws.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-terrorista-w-szymborska.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
<br />
A bomba vai explodir no bar às treze e vinte.<br />
São neste momento treze e dezasseis.<br />
Alguns conseguem ainda entrar,<br />
alguns sair.<br />
<br />
O terrorista passou já para o outro lado da rua.<br />
A esta distância ficará livre de perigo<br />
e, quanto a vista, é como no cinema:<br />
<br />
Uma mulher de casaco amarelo… entra.<br />
Um homem de óculos escuros… sai.<br />
Rapazes de jeans… conversam.<br />
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.<br />
Aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,<br />
mais um tipo alto que entra.<br />
<br />
Treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.<br />
Passa uma moça de fita verde nos cabelos.<br />
Só que o autocarro oculta-a.<br />
<br />
Treze e dezoito.<br />
A rapariga desapareceu.<br />
Se foi bastante estúpida para entrar ou não,<br />
isso se saberá pelas notícias.<br />
<br />
Treze e dezanove.<br />
Parece que ninguém entra.<br />
Há porém um careca gordo que sai.<br />
Mas olha, parece que procura algo nos bolsos,<br />
faltam treze segundos para as treze e vinte,<br />
e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.<br />
<br />
São treze e vinte.<br />
Como o tempo voa.<br />
Deve ser agora.<br />
Ainda não.<br />
Sim, é agora.<br />
A bomba… explode. <br />
<br />
<br />
WISLAWA SZYMBORSKA<br />
Paisagem com grão de areia<br />
Ed. Relógio d’Água<br />
<br />
tradução - Júlio Sousa Gomes<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Sétima Legião<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
Andantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-89754086233870173312020-04-02T00:01:00.000+01:002020-04-02T00:01:05.094+01:00O gato e a vespa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-O-gato-e-a-vespa-Jaime-Rocha.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-O-gato-e-a-vespa-Jaime-Rocha.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<body><br />
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-gato-e-vespa-jaime-rocha.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
O gato foi à escola<br />
enquanto os poetas dormiam.<br />
<br />
O gato foi ao leite e ao presunto<br />
enquanto a vespa azucrinava<br />
por ali sob o olhar de um grifo<br />
que pairava.<br />
<br />
Enquanto os poetas dormiam.<br />
<br />
<i>Vai-te embora, vespa, </i>diz o gato,<br />
<i>deixa estar a neve sossegada dentro</i><br />
<i>da taça e não faças barulho,</i><br />
<i>deixa os poetas dormir.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Não é neve, </i>diz o grifo,<i> é uma nêspera,</i><br />
<i>está sentada ao colo de uma velha,</i><br />
<i>foi um poeta da cidade* que deixou escrito.</i><br />
<i><br />
</i> <i>Ora, uma nêspera, </i>exclama a vespa,<br />
<i>é mas é um pêssego. Ai é, </i>responde o gato,<br />
<i>vamos ver.</i><br />
<br />
Enquanto os poetas dormiam.<br />
<br />
O grifo rondava a escola como um corvo<br />
em cima de um comboio e gostava de ouvir<br />
o gato a comer o presunto devagar, olhando<br />
para o leite. A vespa zumbia, zumbia como<br />
um tractor e ria-se. <i>Olha que isto é uma escola,</i><br />
diz o gato, <i>e a escola não é para vespas.</i><br />
<br />
Enquanto os poetas dormiam.<br />
<br />
Até que vem a aurora, coberta de chuva,<br />
acordar os poetas e os galos ao mesmo tempo.<br />
<br />
Mas o gato insiste,<i> cuidado ó vespa,</i><br />
<i>ainda cais no leite, olha que os poetas</i><br />
<i>escrevem palavras que dançam</i><br />
<i>nas praias douradas, deixa-os dormir.</i><br />
<br />
A vespa não quis saber. Pensava que tinha<br />
o mundo todo a seus pés, o ar, as nuvens,<br />
as pessoas, as colinas, o rio, as bibliotecas,<br />
os barcos. Mas era um pensamento falso,<br />
um engano. Caiu na taça de leite e morreu.<br />
<br />
É o que acontece às vespas que chamam<br />
pêssegos às nêsperas.<br />
<br />
<i>* O poeta da cidade é Mário Henrique-Leiria “Contos do Gin-Tonic”</i><br />
<i>que escreveu um poema sobre uma velha que comeu uma nêspera.</i><br />
<br />
JAIME ROCHA<br />
<span style="color: black;"><a href="https://memoriasderodao.cm-vvrodao.pt/historia-local/documentos/%C3%A9-absolutamente-certo-n%C2%BA9.aspx" target="_blank">É absolutamente certo nº 9 (Jornal de Poesia)</a></span><br />
Edição: Biblioteca Municipal José Baptista Martins de Vila Velha de Ródão<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – The Cure<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
ilustração: Elisa AragãoAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-4033523519872042262020-03-27T14:41:00.001+00:002020-03-27T14:41:14.996+00:00Quando isto um dia passar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-quando-passar-jpm.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-quando-passar-jpm.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-quando-isto-um-dia-passar-jpmesseder.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Quando isto um dia passar<br />
– se passar –<br />
havemos de esquecer<br />
– se esquecermos –<br />
havemos de nos lembrar<br />
– se lembrarmos –<br />
e havemos de continuar a viver<br />
– se vivermos –<br />
o presente de então,<br />
e havemos de continuar<br />
– se continuarmos –<br />
a conjugar certos verbos no futuro,<br />
ingenuamente,<br />
como crianças em idade<br />
de errar e de acertar.<br />
<br />
<br />
JOÃO PEDRO MÉSSEDER<br />
19-3-2020<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Ólafur Arnalds<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-87614613625537272192020-03-21T00:01:00.000+00:002020-03-21T00:01:00.433+00:00Congresso Internacional do Medo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-congresso-medo-cda.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-congresso-medo-cda.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio controls="" src="https://www.andante.com.pt/cconto-congresso-medo-cda.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
Provisoriamente não cantaremos o amor,<br />
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.<br />
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,<br />
não cantaremos o ódio porque esse não existe,<br />
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,<br />
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,<br />
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,<br />
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,<br />
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,<br />
depois morreremos de medo<br />
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.<br />
<br />
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE<br />
Antologia Poética<br />
Publicações Dom Quixote<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Johann Johannsson<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-7426345934122118222019-03-03T11:03:00.002+00:002019-03-03T11:04:43.594+00:00Quando<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.andante.com.pt/images/cconto-Quando-Sophia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="https://www.andante.com.pt/images/cconto-Quando-Sophia.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="https://www.andante.com.pt/cc_sophia_quando.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta<br />
Continuará o jardim, o céu e o mar,<br />
E como hoje igualmente hão-de bailar<br />
As quatro estações à minha porta.<br />
<br />
Outros em Abril passarão no pomar<br />
Em que eu tantas vezes passei,<br />
Haverá longos poentes sobre o mar,<br />
Outros amarão as coisas que eu amei.<br />
<br />
Será o mesmo brilho, a mesma festa,<br />
Será o mesmo jardim à minha porta,<br />
E os cabelos doirados da floresta,<br />
Como se eu não estivesse morta.<br />
<br />
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN<br />
Obra Poética<br />
Leya | Editorial Caminho<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Virginia Astley<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Andantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-83348068302971062412017-04-14T19:59:00.001+01:002017-04-14T19:59:32.775+01:00Míssil<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_j_p_messeder_missil.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_j_p_messeder_missil.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cc_j_p_messeder_missil.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Dentro de minutos,<br />
com estrondo,<br />
vai cair.<br />
Quantos meninos<br />
neste instante<br />
ainda estão a rir?<br />
<br />
JOÃO PEDRO MÉSSEDER<br />
Pequeno livro das coisas<br />
ilustração - Rachel Caiano<br />
Ed. Caminho<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Visit Venus<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-39546308181964764882017-03-09T15:52:00.002+00:002017-03-09T15:58:30.707+00:00Chamam-lhe amor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_rita_taborda_duarte_amor.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_rita_taborda_duarte_amor.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio controls="" src="http://www.andante.com.pt/cc_rita_t_duarte_amor.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Há que dar às coisas nomes curtos e simples,<br />
para que a palavra nos venha aos lábios<br />
obedientemente canina,<br />
<br />
mas o certo<br />
é que lhe poderíamos dar um outro nome<br />
- qualquer um - <br />
<br />
Boby, Tejo ou Lassie, fora o amor uma cadela<br />
parida com as tetas maceradas a roçar o chão.<br />
<br />
Qualquer nome lhe daríamos, ao amor<br />
e o resultado seria sempre o mesmo:<br />
<br />
Um ganido tímido<br />
a morder-nos de cio o coração da noite.<br />
<br />
RITA TABORDA DUARTE<br />
<br />
Roturas e Ligamentos<br />
Ilustração - André da Loba<br />
Ed. Abysmo<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Lou Reed<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-88900905334097116392017-02-19T16:48:00.000+00:002017-02-19T16:48:15.224+00:00Clarice Lispector, a senhora...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_adilia_lopes_clarice_lispector.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_adilia_lopes_clarice_lispector.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cc_adilia_lopes_clarice_lispector.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Clarice Lispector, <br />
a senhora não devia<br />
ter-se esquecido<br />
de dar de comer aos peixes<br />
andar entretida<br />
a escrever um texto<br />
não é desculpa<br />
entre um peixe vivo<br />
e um texto<br />
escolhe-se sempre o peixe<br />
vão-se os textos<br />
fiquem os peixes<br />
como disse Santo António<br />
aos textos.<br />
<br />
ADÍLIA LOPES<br />
Obra<br />
Ed. Mariposa Azual<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Solvent<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-69056292540747620912017-02-11T12:23:00.001+00:002017-02-11T12:30:25.596+00:00O caminho inventa o caminho...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_adonis_caminho.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_adonis_caminho.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cc_adonis_caminho.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
O caminho inventa o caminho as poeiras transformam-se em<br />
roda voadora abre os seus próprios caminhos a seres que<br />
andam uns sobre os outros<br />
<br />
Caminhos cavados nos restos de outros caminhos<br />
<br />
escrevíamos as palavras sobre as coisas<br />
ou<br />
escrevíamos as coisas sobre as palavras<br />
<br />
<br />
ADONIS<br />
O arco-íris do instante<br />
Ed. D. Quixote<br />
<br />
tradução - Nuno Júdice<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Burial<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-65159731073442133872014-01-20T11:24:00.001+00:002014-10-09T00:35:49.040+01:00Diálogo <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_jacques_roubaud.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_jacques_roubaud.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_jacques_roubard_dialogo.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
Nunca pensei num poema como sendo um monólogo que se originou algures no fundo da minha boca ou da minha mão <br />
<br />
Um poema coloca-se sempre nas condições de um diálogo virtual <br />
<br />
A hipótese de um encontro a hipótese de uma resposta a hipótese de alguém <br />
<br />
Mesmo na página: a resposta que a linha supõe, bem como as deslocações, os formatos<br />
<br />
Alguma coisa vai sair do silêncio, da pontuação, do branco subir até mim <br />
<br />
Alguém vivo, com nome: um poema de amor <br />
<br />
Mesmo quando a omissão, a falta de direcção, a direcção pronominal tornam possível essa translação: encontra-se um leitor perante a página, diante da voz do poema como <br />
<br />
no instante do seu nascimento <br />
<br />
Ou da sua recepção: leitor leitor ou leitor autor <br />
<br />
Este poema é-te destinado e nada encontrará <br />
<br />
JACQUES ROUBAUD<br />
Sud-Express, poesia francesa de hoje<br />
<br />
<br />
tradução - Urbano Tavares Rodrigues<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Test Dept<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
fotografia de Jacques Roubaud – Ben HandzAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-85565885556010210712014-01-13T14:34:00.000+00:002014-10-08T18:27:40.018+01:00Quando sós à boleia do crepúsculo [para o Fernando Guerreiro]<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_manuel_freitas_quando_so.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_manuel_freitas_quando_so.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_manuel_freitas_quando_sos.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Não mais a literatura, os seus<br />
fúteis e imperiosos desígnios<br />
- julgamos dizer, insistindo<br />
numa ourivesaria do terror<br />
e em gestos que sabem o quanto<br />
chegam tarde. Quando sós,<br />
à boleia do crepúsculo, dizemos<br />
coisas assim, mentimos com<br />
os dentes todos que não temos.<br />
<br />
E a mentira (a literatura)<br />
é ainda a improvável derrota<br />
de que não nos salvaremos<br />
nunca. Tão igual à vida, portanto:<br />
pouso o copo, recupero o fôlego,<br />
fumo uma silepse. Sei que vou morrer.<br />
<br />
E isso que - talvez - nos diz<br />
é uma evidência que escurece<br />
(tivemos por amigo o desconforto).<br />
<br />
Quanto ao mais, vamos andando.<br />
Casados ou sozinhos. Mortos.<br />
<br />
<br />
MANUEL DE FREITAS<br />
<a href="http://www.assirio.pt/livros/ficha/-sic-?id=11237128" target="_blank">[SIC] </a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Terje Rypdal<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
fotografia de Manuel de Freitas – ?Andantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-86370205895344089982014-01-06T14:46:00.003+00:002014-10-08T18:28:18.391+01:00Os badamecos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_ruy_cinetti_badamecos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_ruy_cinetti_badamecos.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_ruy_cinatti_badamecos.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Os badamecos<br />
tão engraçados<br />
sujam paredes,<br />
são malcriados.<br />
<br />
Andam em férias<br />
como vadios.<br />
Cheiram que fedem,<br />
de mal lavados.<br />
<br />
Têm brinquedos,<br />
alguns perigosos,<br />
adquiridos<br />
pelos mais ranhosos.<br />
<br />
E quando dormem<br />
o seu soninho,<br />
mijam na rua,<br />
sonham-se grandes.<br />
<br />
Nunca se faça<br />
mal aos meninos,<br />
à linda graça<br />
de nós tontinhos.<br />
<br />
Que nos lembremos<br />
sempre aos demais:<br />
Casa de filhos,<br />
escola de pais!<br />
<br />
RUY CINATTI<br />
Memória Dividida<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – Goran Bregovic<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
pintura de Ruy Cinatti - Maluda<br />
<br />
ilustração - Laurent LufroyAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-16220944990967878372013-12-16T20:42:00.000+00:002014-10-08T18:28:59.719+01:00sobreiro inútil <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_diogo_sobreiro.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_diogo_sobreiro.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_diogo_lopes_sobreiro.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
sobre um canto <br />
escuro, dentro de <br />
uma grande árvore <br />
vivia um homem <br />
de emoções reprimidas. <br />
reprimidas, dizes tu? <br />
bem, não reprimidas... <br />
afugentadas. <br />
ah, afugentadas é diferente. <br />
sim... era um homem obrigado <br />
a viver em exílio por ter <br />
emoções fortes, um <br />
homem marginalizado <br />
pela incompreensão e por <br />
julgamento precipitados... <br />
triste, meu caro, <br />
tendes uma história algo triste.<br />
uma pessoa julgada <br />
precipitadamente <br />
que se tornou um peso<br />
morto, sabeis? uma daquelas <br />
pessoas de ambições destruídas <br />
e de sonhos esmigalhados <br />
obrigado a reprimir-se <br />
e a viver na sombra <br />
do que uma vez foi...<br />
como eu disse... <br />
um peso morto. <br />
<br />
DIOGO LOPES<br />
<a href="http://alfarroba-blogue.blogspot.pt/2013/12/o-diogo-lopes-investiu-numa-grande.html">ContraBaixo</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música – The Cinematic Orchestra<br />
<br />
sonoplastia - Fernando Ladeira<br />
<br />
fotografia – Nuno Ferreira Santos e Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-23712125855094471762013-10-15T11:10:00.000+01:002014-10-08T18:32:16.728+01:00Chama<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_torrado_chama.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_torrado_chama.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_torrado_chama.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Era uma vez uma chama sozinha. Procurava outra. Precisava dela.<br />
Quase a extinguir-se, viu-a. Aproximou-se a custo. Perguntou-lhe:<br />
- Como te chamas?<br />
- Chama.<br />
Num último alento, a chama sozinha gritou-lhe o nome:<br />
- Chama. Chama. Chama.<br />
Abraçaram-se. Foi um grande incêndio.<br />
<br />
<br />
ANTÓNIO TORRADO<br />
<a href="http://www.gemeoluisoriginais.com/eterogemeas.com/other/trabs/des11.html">O conta-gotas</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - John Zorn<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando Ladeira<br />
<br />
ilustrações - Gémeo LuísAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-61484126696496454082013-10-07T10:27:00.000+01:002014-10-08T18:30:08.054+01:00Um dia guardei num caderno<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc-c-a-machado-um-dia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc-c-a-machado-um-dia.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_c_a_machado_um dia.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Um dia guardei num caderno<br />
o caderno escolar que a senhora maria<br />
me ofereceu no primeiro dia de escola<br />
uma palavra na verdade perdida<br />
porque o caderno se perdeu<br />
e a senhora maria coitada<br />
sempre me perguntava pelo caderno<br />
onde ela não sabia que houvera uma palavra <br />
guardada a senhora maria envelheceu<br />
morreu e eu percorro o mesmo caminho<br />
esquecido já do caderno onde perdi<br />
uma palavra cujo único valor<br />
era o de poder ser guardada não<br />
acontece isso com todas as palavras<br />
e por isso são muito raras<br />
as palavras que se oferecem<br />
em cadernos com a eternidade garantida.<br />
<br />
CARLOS ALBERTO MACHADO<br />
<a href="http://editora-averno.blogspot.pt/2007/06/averno-001-carlos-alberto-machado_13.html">A Realidade Inclinada</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Durutti Column<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-10809009599599991092013-09-30T14:19:00.000+01:002014-10-08T18:30:45.717+01:00Status Report<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc-m-manso-status.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc-m-manso-status.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_m_manso_status.mp3"" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
sou comarca onde parou de chover<br />
e quem não se lembra da sanguechuva<br />
que foi em tempos este coração<br />
<br />
já não tenho a vida toda (faço trinta<br />
o mês que vem) e a verdade é que nem<br />
na morte se pôde alguma vez confiar<br />
<br />
muito mal contado, isso da morte<br />
<br />
<br />
MIGUEL-MANSO<br />
<a href="http://www.almedina.net/catalog/product_info.php?products_id=21812">Tojo - Poemas escolhidos</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Pascal Comelade<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-91385758073728949002013-09-24T16:52:00.000+01:002014-10-08T18:31:18.087+01:00Poema a partir de José Mário Silva e Margarida Vale de Gato, a partir de Ruy Belo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc-jaime-rocha-foz-cobrao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc-jaime-rocha-foz-cobrao.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_jrocha_foz_cobrao_2012_d.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Desmanchamos o tempo como se um sobressalto<br />
nos atingisse o corpo e o metesse dentro de uma caixa.<br />
Precisamos de ar,<br />
de respirar no meio da gente,<br />
subir aos degraus com os pássaros,<br />
gritar para o asfalto,<br />
para que acordem as crianças e os velhos,<br />
dizendo que está aí a luz do Verão,<br />
os dias abertos para as encostas e para os rios.<br />
Estamos aqui dentro de uma aldeia<br />
pintada de xisto e de oliveiras,<br />
ouvindo a água que corre das cascatas para os vales<br />
longe das cidades, mas no coração das casas,<br />
como um peixe que voa por cima de um país.<br />
<br />
<br />
JAIME ROCHA<br />
É absolutamente certo nº6, Abril 2013<br />
(Jornal da Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão)<br />
<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Joachim Holbek<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-79186363319801274472013-09-15T12:14:00.000+01:002014-10-08T18:33:59.934+01:00As palavras são novas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_saramago_palavras.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_saramago_palavras.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_saramago_palavras.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
As palavras são novas: nascem quando<br />
No ar as projectamos em cristais<br />
De macias ou duras ressonâncias<br />
<br />
Somos iguais aos deuses, inventando<br />
Na solidão do mundo estes sinais<br />
Como pontes que arcam as distâncias.<br />
<br />
<br />
JOSÉ SARAMAGO<br />
<a href="http://josesaramago.org/192650.html">Os poemas possíveis</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Paavoharju<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-73863959477843285792013-09-09T14:08:00.000+01:002016-03-01T19:29:30.952+00:00Como se desenha uma casa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_pina_desenha_casa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_pina_desenha_casa.jpg" height="140" width="400" /></a></div>
<br />
<body><br />
<audio controls="" src="http://www.andante.com.pt/cconto_pina_desenha_casa.mp3"> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Primeiro abre-se a porta<br />
por dentro sobre a tela imatura onde previamente<br />
se escreveram palavras antigas: o cão, o jardim impresente,<br />
a mãe para sempre morta.<br />
Anoiteceu, apagamos a luz e, depois,<br />
como uma foto que se guarda na carteira,<br />
iluminam-se no quintal as flores da macieira<br />
e, no papel de parede, agitam-se as recordações.<br />
Protege-te delas, das recordações,<br />
dos seus ócios, das suas conspirações;<br />
usa cores morosas, tons mais-que-perfeitos:<br />
o rosa para as lágrimas, o azul para os sonhos desfeitos.<br />
Uma casa é as ruínas de uma casa,<br />
uma coisa ameaçadora à espera de uma palavra;<br />
desenha-a como quem embala um remorso,<br />
com algum grau de abstracção e sem um plano rigoroso.<br />
<br />
MANUEL ANTÓNIO PINA<br />
<a href="http://www.assirio.pt/livros/ficha/Como%20se%20desenha%20uma%20casa?id=11534230">Como se desenha uma casa</a><br />
Edição: Assírio & Alvim <br />
<br />
<br />
voz, sonoplastia e fotografia* - Fernando Ladeira<br />
<br />
música - Joel Vandroogenbroeck<br />
<br />
* fotografia de Manuel António Pina - António RiloAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-86375753407034784552013-09-02T11:17:00.000+01:002014-10-08T18:34:57.375+01:00O guarda-rios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_JJBraga-guarda-rios.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_JJBraga-guarda-rios.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_jjbraga_guarda_rios.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
É tão difícil guardar um rio<br />
quando ele corre<br />
dentro de nós.<br />
<br />
<br />
JORGE SOUSA BRAGA<br />
<a href="http://www.assirio.pt/livros/ficha/o-poeta-nu?id=11237370">O poeta nú</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - The Valerie Project<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-4619583610584387062012-09-25T12:12:00.000+01:002014-10-08T18:35:31.771+01:00Gato<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_oneill_gato.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_oneill_gato.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_oneill_gato.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Que fazes por aqui, ó gato?<br />
Que ambiguidade vens explorar?<br />
Senhor de ti, avanças, cauto,<br />
meio agastado e sempre a disfarçar<br />
o que afinal não tens e eu te empresto,<br />
ó gato, pesadelo lento e lesto,<br />
fofo no pelo, frio no olhar!<br />
<br />
De que obscura força és a morada?<br />
Qual o crime de que foste testemunha?<br />
Que deus te deu a repentina unha<br />
que rubrica esta mão, aquela cara?<br />
Gato, cúmplice de um medo<br />
ainda sem palavras, sem enredos,<br />
quem somos nós, teus donos ou teus servos?<br />
<br />
<br />
ALEXANDRE O'NEILL<br />
<a href="http://www.assirio.pt/livros/ficha/poesias-completas?id=11237053">Poesias completas</a><br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Vojislav Aralica, Dr. Nelle Karajlic, Dejan Sparavalo<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-10912702297626397642012-09-17T19:57:00.000+01:002014-10-08T15:35:39.115+01:00O tigre na rua<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_tigre.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="140" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_tigre.jpg" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_tigre.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
<br />
Pensei muito: como é que apareceu um tigre na rua?<br />
pensei pensei,<br />
pensei pensei,<br />
pensei pensei,<br />
pensei pensei,<br />
soprou o vento neste momento,<br />
e eu esqueci o pensamento.<br />
Por isso continuo sem saber como é que na rua terá aparecido um tigre.<br />
<br />
<br />
DANIIL HARMS<br />
<a href="http://www.bruaa.pt/otigrenarua.html">O tigre na rua e outros poemas</a><br />
<br />
tradução - Nina e Filipe Guerra<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Dmitri Shostakovich<br />
<br />
ilustrações - Serge Bloch<br />
<br />
sonoplastia e fotografia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-208328854631708828.post-28025980023570479212012-09-11T11:22:00.000+01:002016-03-06T17:10:08.265+00:00Gatos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.andante.com.pt/images/cc_njudice_lembrancas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.andante.com.pt/images/cc_a_mota_gatos.jpg" height="140" width="400" /></a></div><br />
<body><br />
<audio src="http://www.andante.com.pt/cconto_a_mota_gatos.mp3" controls> <br />
Se não vê um controlador de audio é porque o seu browser não suporta html 5<br />
Aconselhamos Firefox ou Chrome<br />
</audio></body><br />
<br />
Gatos novos<br />
gatos velhos<br />
gatos magros<br />
gatos gordos<br />
gatos brancos<br />
gatos pretos<br />
gatos mimalhos<br />
gatos a pedir<br />
gatos a roubar<br />
gatos a fugir<br />
gatos a ronronar<br />
gatos no telhado<br />
gatos na janela<br />
gatos no sofá<br />
gatos no berço<br />
gatos na cama<br />
gatos na sala<br />
gatos na cozinha<br />
gatos maltratados<br />
gatos a miar<br />
em noites de luar.<br />
<br />
Gatos doentes<br />
gatos a brincar<br />
gatos a dormir<br />
gatos a saltar<br />
gatos a parir<br />
gatos a mamar<br />
gatos a nascer<br />
gatos a arranhar<br />
gatos a comer<br />
gatos a pular<br />
gatos a lamber<br />
gatos lestos<br />
gatos mancos<br />
gatos siameses<br />
gatos persas<br />
gatos malteses.<br />
<br />
Tantos gatos<br />
de rabo alçado<br />
e eu só tenho um<br />
de pano coçado.<br />
<br />
<br />
ANTÓNIO MOTA<br />
Lá de cima cá de baixo<br />
Edições Gailivro<br />
<br />
<br />
voz - Cristina Paiva<br />
<br />
música - Ian Pooley<br />
<br />
ilustrações - Teresa Lima<br />
<br />
sonoplastia - Fernando LadeiraAndantehttp://www.blogger.com/profile/08225837784121181638noreply@blogger.com0